Meus 2 anos e meio de MEJ (e o que aprendi neles)
VIDADIÁRIO
Briele Fernanda
12/19/20165 min read


Em maio de 2014 estava andando pelos corredores da faculdade quando vi um cartaz bonito e chamativo com o tema star wars chamando para fazer o processo seletivo da EJCM, Empresa Júnior do curso de ciência da computação da UFRJ.
Tinha participado de algo que eu achava ser parecido na época, a mini empresa da júnior achivement enquanto estava no ensino médio, mas não aproveitei quase nada da experiência. Era muito tímida e isso me atrapalhava muito, fazia o que tinha de fazer mas não buscava fazer muito mais, só dei uma ideia para receber encomendas dos nossos produtos mas ela acabou não indo para frente.
Mas com a empresa júnior eu estava disposta a sair da minha zona de conforto. Então me inscrevi no PS junto com uma colega minha da faculdade (na verdade eu só me inscrevi porque ela tinha se inscrito também, a ideia de fazer algo com pessoas que eu não conhecia era, e ainda é um pouco, apavorante para mim).
Entrei no processo seletivo, fiz a dinâmica de grupos e a entrevista individual, pensei que não iria passar. Como era muito tímida (muito mais que hoje) não tinha ido muito bem na dinâmica de grupos, também estava muito nervosa na entrevista individual, não sabia se estava respondendo corretamente as perguntas e estava tremendo (por conta do ar condicionado que estava bem gelado). Mas então o resultado veio e eu tinha passado para a fase trainee.
A próxima fase foi o que hoje eu poderia chamar de tortura. Na época demorava três horas para chegar até a faculdade e tinha treinamento por três semanas seguidas de nove horas da manhã até as sete da noite. As vezes tinha algo que eu deveria entregar no dia seguinte então chegava em casa bem tarde da noite e ainda tinha que fazer aquilo. Mal dormia direito e acho que nem preciso dizer que não absorvi muito o conhecimento passado naquelas três semanas. Minha colega desistiu, mas eu continuei firme e forte. Eu ia em todos os treinamentos, tentava prestar atenção no máximo que conseguia e por incrível que pareça foi a primeira vez que me senti verdadeiramente feliz naqueles meus seis primeiros meses de faculdade. Estava motivada a entrar naquela empresa e faria de tudo para entrar. Me lembro até de um pensamento específico que eu tive em uma das vezes que estava indo para um treinamento: “se eles não me aprovarem dessa vez eu tento de novo”.
Foi dentro dessas três semanas também que recebi o feedback que talvez sem ele, minha
experiência na EJCM fosse completamente diferente.
Como eu já disse, eu era muito tímida e isso atrapalhava muito a forma com que eu me relacionava com as pessoas chegando ao extremo de não ter relação nenhuma e isso foi me passado como feedback pelo diretor de gestão de pessoa da época. Ele pontuou que eu deveria tentar me enturmar mais e que eu deveria ser mais sociável (e descobri meses depois que foi muito difícil me avaliar porque eu não expressava praticamente nada). E foi exatamente o que eu fiz, peguei aquele feedback e tentei o meu melhor.
E finalmente em agosto de 2014 eu entrei oficialmente para o movimento empresa júnior que conhecia pouco mas já considerava pacas.
Assim que eu entrei, fui assessora da diretoria de vice-presidência. Era a diretoria que cuida de todos os processos e qualidade da EJCM onde eu aprendi muito sobre estratégia e administração no geral e desde o início eu coloque na cabeça que queria ser vice-presidente. Na verdade eu queria mesmo ser presidente e confesso que era mais pelo status do que qualquer outra coisa, mas como eu sabia que eu provavelmente não conseguiria pelo meu perfil eu me contentei em cobiçar o cargo de vice-presidência. Também pensava que teria um ano e cinco meses de experiencia na empresa antes que fosse minha vez de assumir, se conseguisse ganhar, mas não foi bem isso que aconteceu.
Foi chegando o final do ano e a época das eleições para a diretoria executiva e não tinha ninguém além de mim para mandar proposta para o cargo de vice-presidência, então o que eu fiz? Eu fui. Com muito medo de não ter ninguém votando em mim mais fui.
Como resultado fui eleita para ser vice-presidente da gestão de 2015 e nesse ano aconteceram muitas experiências, boas e ruins, que são quase impossíveis de enumerar todas.
Trabalhei com pessoas incríveis, com pessoas que desprezava e com pessoas que simplesmente existiam. Participei de muitas discussões. Aprendi a ter uma voz e a expressar minhas opiniões.
Aprendi que algumas coisas valem muito a pena o esforço e que outras não valem tanto assim.
Aprendi que pouco importa o que falam de você, qual é o seu cargo e o quanto você ganha e o quão tecnicamente bom você é. O que importa são seus pensamentos e principalmente suas ações. Cometi muitos erros e fiz alguns acertos. Perdi noites de sono. Perdi aulas. E perdi meu CR também. E ainda chegamos no final do ano com quatro de seis diretores eleitos. Mas no final as experiências que eu tive e o resultados que obtivemos valeu muito a pena.
Então 2015 estava acabando e eu ainda não sentia que tinha extraído tudo da EJCM e do movimento empresa júnior, sentia que minha jornada não estava completa e que ainda tinha caminhos a percorrer.
Cheguei a considerar brevemente ir para a federação (RioJunior) e até para a confederação (BJ) mas não sabia muito quem eles eram, tinha uma ideia, é claro, mas a ideia que eu tinha não foi o bastante para me motivar a ir além. Então decidi me candidatar novamente a um cargo da diretoria executiva da EJCM, dessa vez o cargo de presidência. E para o ano de 2016 fui a presidente da EJCM, dessa vez querendo mais fazer a diferença do que pensando simplesmente em um status.
Então chegou 2016 e aprendi mais ainda. Tinha a cabeça mais madura e preparada e pude aproveitar as coisas em um nível muito mais aprofundado. Me aproximei mais do movimento empresa júnior como um todo a pesar de ainda ficar bem distante. Fiz benchs com EJs do Rio e de outros estados. Conversei com muitas empresas seniores. Entendi melhor o que era o movimento empresa júnior por completo. Também vi que muitas pessoas acabam não aproveitando a oportunidade que tem. Fui acusada de ser ou ter um comportamento que não sou ou tinha.
Sacrifiquei novamente minha formação para ver a empresa que eu tanto amava bem e funcionando. Neutralizamos algumas ameaças externas e internas. E novamente chegamos ao final do ano com quatro de seis diretores eleitos.
E finalmente estamos chegando ao ano de 2017 onde me despeço da EJCM de onde reconheço que já aprendi tudo que deveria aprender com ela. Vou levar para a vida inteira essas experiências e as lembranças das pessoas (boas e ruins). Tenho certeza que sou o que sou hoje pelo que passei nesses dois anos e meio e espero que muitos possam aproveitar a EJCM assim como eu aproveitei
Banana Radioativa
Banana Radioativa é um selo criado por Briele Fernanda para projetos de comunicação audiovisual.